segunda-feira, 13 de julho de 2009

A culpa é nossa!

Quando eu digo que brasileiro merece o governo que tem, vejo caras se retorcendo em sinal de desaprovação. Pessoas que abrem suas bocas e dizem em alto e bom tom que não votaram no Presidente atual e acham que isso os livra de todo o pecado original do sistema.

Quando vejo meia dúzia de pessoas se mobilizarem em pequenos protestos, digo que elas também são culpadas pelo fracasso. Porque na hora de chamar para a balada o cara inventa mil bons motivos para convencer o amigo, mas para coisa séria acha que um convite apenas basta e não usa dos argumentos que dispõe. Toda aquela conversa via Twitter sobre sair às ruas contra o Sarney, na prática virou motivo para piada. Mas, se fosse algo envolvendo festa, música e fantasias aí sim teria batido recorde de público, tendo como o exemplo a famosa Parada do Orgulho LGBT. O negócio aqui é festa, o motivo pouco importa, o importante é a bagunça.

O brasileiro tem a comodidade tão enraizada que prefere criar uma infinidade de desculpas para justificar o adiamento das mudanças do País do que de fato fazer algo. Gostamos de apontar culpados e nada fazer para puni-los, já que a justiça é lenta, as leis são dúbias e a imunidade parlamentar existe. As CPIs comprovam isso e ainda servem como desculpa para os deputados e senadores “mostrarem” serviço. Pagamos os salários deles, sustentamos seus roubos, e apoiamos a abertura de CPIs que sabemos que não vão dar em nada, em quase nada. Eles saem de campo, candidatam-se novamente e voltam ao jogo. A imprensa dá a visibilidade que os políticos tanto querem e os jornalistas acham que estão colaborando ao transformarem os fatos em escândalos, mas a verdade é que isso é muito pouco e logo que surge outra CPI ninguém fica sabendo o que deu a anterior.

E como o jornalista faz parte de um povo privilegiado por ter acesso aos meios de comunicação, tem uma parcela de culpa maior ainda. Vivem na terra da fantasia da imparcialidade e com isso fazem do jornalismo aquela mesmice, que não ajuda ninguém a formar opinião alguma, e ainda serve de holofote para a cobertura de algum super projeto que já deveria ter sido concluído há muito tempo. O único quadro jornalístico que de fato incomoda e procura resolver algum problema é o Proteste Já do CQC, que é um programa humorístico, mas num país onde tudo é uma piada, nada melhor que usarmos do humor para cobrarmos nossos direitos.

A culpa é nossa. Nós votamos em políticos que nos roubam, nos matam e mesmo assim estamos lá fazendo festa nos comícios, e se não votamos também não usamos de nossa capacidade intelectual para convencer nossos próximos a não votarem nos bandidos. Damos audiência ao jornalismo “ta tudo bem” que não tem coragem de expor ao ridículo aqueles que merecem. Assistimos aos problemas todos os dias e não vamos cobrar no lugar certo, só sabemos “twittar” e achamos que isso é melhor do que nada. Enfim, enquanto continuarmos engolindo tudo isso devíamos ao menos ficarmos quietos, porque ser idiota até é compreensível, mas hipócrita é difícil de agüentar.

Lanço a campanha: #desliga otwitter e faz o seu próprio protestejá.

2 comentários:

  1. Eu compartilho da mesma opinião. Quando comeco a refletir sobre esse assunto eu vejo um ciclo. Quem vai cortar isso? Nós somos os unicos capazes e não fazemos. É a quebra do coletivismo pensar que o que fazemos individualmente reflete no todo. Mas nos limitamos no micro e não ampliamos. Quero dizer, lavamos nossas mãos pois dessa forma parece mais fáci... Não percebemos que cada vez vai ficando mais dificil: é aquele trabalho que ficamos adiando e quando pegamos para fazer ou já não tem mais jeito, ou o preco que temos que pagar é muito alto.

    Beijos!
    P.s: obrigada pela observaçao. Já mudei o endereco do site.

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  2. Concordo em número, gênero e grau. Ainda acrescento: o pior defeito do brasileiro é a memória curta. Tanto se fala de povo sofrido, marcado, mas o conformismo é um signo sobre a nossa nação.
    Quando vamos nos organizar?
    Abraço e parabéns pela puxada de orelha!

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